terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Excerto da entrevista J.L.M.- A atitude do Governo e dos partidos da oposição


Mas o Ministério da Educação divulgou, recentemente, medidas de alteração em alguns parâmetros, com vista a solucionar os problemas deste modelo.
São remendos. Estão a tentar remendar algo que é imperfeito desde o início. E penso que estas medidas de “recuo” são estratégicas. Se a ministra (Maria de Lurdes Rodrigues) quisesse mesmo agir de boa fé, colocava a hipótese de outro modelo. É uma teimosia. Diria quase que antidemocrático. É a vontade de uma classe inteira. A adesão ás manifestações, por parte dos professores, foi quase de 100%. Portanto, há mesmo um descontentamento agravado, isto é um facto, que não se pode excluir. Tanto é que, José Sócrates defendeu sempre a ministra, mas nos últimos dias já não tem aparecido na comunicação social para falar desse assunto com o “fervor” inicial.

E pensa que, esse facto, pode ser interpretado como um sinal de recuo por parte do Governo?
Pode ser que sim. Mas, como já disse, este Governo joga estrategicamente. É como um jogo de xadrez. Avanços e recuos.

E qual é essa estratégia?
É fazer permanecer este modelo de avaliação custe o que custar. Mesmo tendo de remendar mil e um parâmetros. O Governo não quer admitir, logicamente, que errou. Pois isso só iria fazer com que perdesse pontos face aos seus opositores. Que o modelo é imperfeito, já o Governo sabe, caso contrário, não teriam lançado as tais medidas de alteração. O que está aqui em causa, é fazer ver a todos que as decisões do Governo têm de prevalecer.

A líder do seu partido (PSD), Manuela Ferreira Leite, teceu fortes críticas a este modelo de avaliação. Sendo ela a líder do maior partido da oposição, não pensa que deveria apresentar um projecto de resolução à Assembleia da República, tal como fez o Bloco de Esquerda?

Sim. Penso que deveria ter um papel mais activo. E não falo só relativamente, a esta questão da avaliação, mas sim em todos os assuntos políticos em geral. Sinto uma forte apatia da parte de Manuela Ferreira Leite face ás políticas do Governo. Acho que se as eleições fossem agora e ela se candidatasse contra José Sócrates, não tinha hipótese de ganhar, mesmo com descontentamento generalizado face a este Governo. Deveria haver mais soluções, mais alternativas propostas pelo PSD, e penso que de momento isso não se verifica. Mas voltando ao assunto da avaliação, gostei da atitude
do Bloco de Esquerda, de apresentar um projecto á Assembleia da República. Foi o único partido, até agora, a fazer alguma coisa em concreto.

Pensa que este “braço de ferro” entre a ministra e os professores está para durar?
Alguém vai ter de ceder. Mas penso que a partir do momento em que o Presidente da República (Cavaco Silva), tomar um partido, publicamente, aí sim poderá haver um fim há vista desta polémica toda.

Quem vai ceder primeiro?
Para bem comum, espero que seja o Governo a ceder primeiro. Mas como já referi, isto é como um jogo de xadrez, tudo é estratégico. O primeiro a fazer xeque-mate ganha.

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