
José Eduardo de Matos
Presidente da Câmara Municipal de Estarreja
O concelho de Estarreja que abrange sete freguesias diferentes, tem sido fustigado por diversas estruturas megalómanas que dividem famílias, destroem casas e cortam o concelho ao meio.Estarreja tem um território que vem desde a Ria de Aveiro até à zona mais continental, sendo um terço do seu território Zona de Protecção Especial da Ria de Aveiro desde 2000 por indicação do Governo Português à Comunidade Europeia em Bruxelas.José Eduardo de Matos, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra e Presidente da Câmara Municipal de Estarreja à dois mandatos, aceitou dar o seu parecer sobre a linha do TGV que se vem juntar à A29 e à A1 atravessando assim o concelho de lés a lés.A verdade é que esta cidade do distrito de Aveiro, tem já um conjunto de travessias profundamente limitadoras daquilo que é o território do município, para além das duas auto-estradas possui ainda a linha de caminhos-de-ferro do norte, a rede de alta tensão, os gasodutos e agora também o comboio de alta velocidade. Para este último a Refer indicou dois traçados: um a poente da auto-estrada numero 1 e outro a nascente.O Presidente da Autarquia aceitou falar sobre este assunto avaliando assim os prós e contras da passagem do TGV pelo concelho.
Joana Sousa: Foram propostos dois traçados para o TGV: um a nascente da A1 e outro a poente. Qual aquele que é mais benéfico para Estarreja?
J. S.: O que é que o TGV pode trazer de negativo para o concelho?
J. S.: Com o traçado a nascente quais as freguesias que serão mais afectadas pela passagem do comboio de alta velocidade?
O município de Estarreja possui desde os anos trinta do século XX um dos maiores complexos químicos da Europa que pode “de forma indirecta retirar vantagens da linha de alta velocidade” como afirma José Eduardo de Matos concluindo ainda que “estes impactos indirectos positivos não retiram nenhuns dos impactos negativos directos sobre o território.”A obra do TGV foi considerada pelo Governo de José Sócrates, uma obra prioritária para o desenvolvimento económico português na medida que fará uma ligação a Vigo e a Madrid, na nossa vizinha Espanha, através da Linha Porto – Vigo e da Linha Lisboa – Madrid.Para que esta avance é mais rentável a passagem da mesma pela zona litoral do país pois segundo o Presidente da autarquia de Estarreja “é aqui que estão as pessoas, é aqui que estão as empresas e é por aqui que eles acham que o TGV deve passar e se pode viabilizar.”Mas Estarreja não é só afectada pela passagem do TGV. A IC1/A29 também possui um conjunto de implicações negativas pois “há casas por baixo há famílias que são deslocalizadas, mas podemos dizer que, por exemplo, para a vila de Salreu existe uma vantagem que é um nó de acesso, este permitirá não só à população da freguesia, mas também a todos os que morem mais a sul do concelho, uma maior proximidade, o que já não acontece com o TGV” citou o nosso entrevistado.
J. S.: O traçado da A29 também deu bastante polémica?
J. S.: A Câmara Municipal tinha planeado um projecto estratégico para a cidade. Em que consistia?
Após a Câmara ter conhecimento que o TGV iria passar por Estarreja, e de ter as duas propostas uma a nascente, a mais viável, e outra a poente da A1 o Partido Socialista defendeu que já que esta teria de passar no concelho pelo menos que a estação do comboio de Alta Velocidade fica-se dentro do mesmo, ou seja, em Fermelã ou no limite de Estarreja. Esta proposta foi levada à Assembleia Municipal e chumbada pela coligação PSD/CDS-PP. Segundo José Eduardo de Matos “a estação implica que o traçado adoptado fosse aquele que é a poente da A1. Isto, de facto, quer dizer que eles não sabiam o que estavam a dizer, porque se soubessem não o teriam defendido”.Caso fosse aprovado este traçado “em vez de serem deitadas três ou quatro casas abaixo, vamos ter duas ou três vezes mais”, afirmou o autarca.Para concluir o entrevistado afirma ainda que “nestas questões tem que se ter os pés bem assentes no chão e sobretudo saber o que se está a defender, o que se está a tratar e pôr sempre acima da discussão, não a defesa cega da política do governo, mas a defesa concreta daquilo que são os interesses das populações e o que interessa às populações não é o TGV”.
J. S.: Então os impactos sociais deste projecto são grandes?
J. S.: Quanto às casas que vão ser demolidas por causa deste projecto, o que é que o governo está a pensar fazer?
J. S.: E como é que as populações têm reagido?
J. S.: Foi feito um abaixo-assinado pelos moradores de Santiais, de forma a mostrar o seu descontentamento. Esse documento seguiu para Lisboa?
Para José Eduardo Matos existe “falta de planeamento do governo” na medida em tudo passa no concelho de Estarreja.Esta cidade do distrito de Aveiro desenvolve-se num corredor norte – sul e, tal como foi referido, uma terça parte é Zona de Protecção Especial da Ria de Aveiro e de facto “tudo se concentra no resto do território, quer a população quer todas as outras estruturas” citou o entrevistado.A revisão do PDM na Câmara Municipal tem sido atrasada, como afirma o Presidente, porque “entretanto veio a IC1/A29, houve novas leis, entretanto apareceu também o TGV e nós passamos a vida nisto”.Vários estudos técnicos sobre os traçados do TGV foram feitos e neles foram evidenciados os vários problemas para o concelho.
J. S.: Quando toda a polémica andou no ar entre o traçado a nascente e a poente da A1 o que é que a Câmara Municipal fez? Quais as medidas que tomou para que fosse a opção menos má?
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