sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Estado Intermitente


Coma e morte cerebral. São dois conceitos que são, constantemente, confundidos. No entanto existem diferenças significativas nestes dois estados clínicos. Seja um ou outro a recuperação continua a ser um enigma.

Acorda ou não acorda? É a questão constante dos familiares dos pacientes que entram num estado de coma. Uma incerteza que também existe por parte dos próprios médicos.
Muitas dúvidas se levantam, relativamente, a este assunto. Uma delas é, justamente, o facto de se pensar que coma e morte cerebral são o mesmo estado.
Rafael Marques, estudante no último ano de medicina, diz que “ pacientes que estão em morte cerebral não estão em coma(...) depois de estarem em estado de coma é que podem evoluir, então, para morte cerebral.”
Relativamente, ao estado de coma o cérebro reage aos estímulos externos com maior ou menor intensidade, depende da gravidade do coma. Os pacientes podem entrar em coma profundo ou podem sobreviver no chamado “estado vegetativo”. Estes dois estados distinguem-se pelas funções cerebrais. O indivíduo que se encontre em “estado vegetativo” possui mais funções cerebrais do que um paciente em coma profundo.
Rafael explica que “ao contrário do estado de coma, seja ele qual for, o paciente que se encontre em morte cerebral não reage a qualquer estímulo externo(...) não existe nenhum sinal de actividade eléctrica cerebral.”
A morte cerebral ocorre quando todo o cérebro, incluindo o tronco cerebral, perde irreversivelmente todas as suas funções neurológicas. O cérebro desempenha várias funções neurológicas como o pensamento, o movimento, que permitem ao corpo manter a pressão arterial, a frequência cardíaca, a temperatura corporal e as funções dos órgãos. Quando o cérebro morre, os órgãos do corpo entram em colapso. Existem procedimentos médicos artificiais extensos (suporte de ventilação, nutrição artificial,...),que são realizados para manter a função dos outros órgãos, mas mesmo com os melhores recursos essas intervenções, actualmente, são medidas temporárias.
Rafael revela que “há mais hipóteses de um paciente em coma acordar, pois é como se tivesse intermitente, tanto pode acordar como não(...) se estiver em morte cerebral é praticamente irreversível.”

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Emigração para Espanha



Sara Barbosa / nrº 15592

Emigrantes Portugueses em Espanha

No total são cerca de 70 mil (dados de 2006), um número relativamente pequeno se tivermos em conta o número de emigrantes portugueses em países como a Suiça, Grã-Bretanha, França ou mesmo nos Estados Unidos. Uma larga percentagem destes emigrantes residem em Portugal, embora trabalhem em Espanha. A proximidade entre os dois países facilita a emigração temporária. Estamos perante uma emigração constituída por pessoas com um baixíssimo nível de escolaridade, oriundas dos meios mais pobres de Portugal e às quais o Estado Português quase não presta apoio. Os seus recursos limitados não lhes permitem também grandes possibilidades de deslocação; limitam-se a atravessar a fronteira e a arranjarem trabalho num sítio qualquer de Espanha, tentando aproximarem-se o mais possível dos Pirenéus. As regiões mais deprimidas de Trás-os-Montes foram aquelas que maior número de imigrantes fornecera para os trabalhos nas minas de Leon e Astúrias. Ao contrário do que ocorre na maioria dos países onde existem comunidades portuguesas, são raros os casos de sucesso dos emigrantes portugueses em Espanha. A maioria, acabam tão pobres como quando saíram de Portugal. Muitos são explorados por máfias luso-espanholas. Algumas destas máfias dedicam-se igualmente a roubar turistas ou emigrantes portugueses que circulam por Espanha a caminho de outros países europeus, tirando conhecimento da língua. Trata-se de uma emigração ainda muito mal estudada em todas as suas dimensões. Portugal foi quase sempre encarado pela Espanha, como uma reserva de mão-de-obra barata, e para os seus governantes, como o melhor exemplo que podiam apresentar à população que não eram os mais pobres da Europa. Bastava atravessar a fronteira, percorrer as aldeias e cidades de Portugal, para o menos patriota dos espanhóis obter algum consolo e melhorar a sua auto-estima. Trata-se de um argumento ideológico fortíssimo para todas as regiões de Espanha que lutam pela independência. Sara Barbosa / nrº 15592

"Braço-de-ferro entre Ministra da Educação e Professores...




Rui Sá
Vereador CM Porto (CDU)

“O braço de ferro entre os professores e a Ministra da Educação”

“A Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, revelou ao longo deste seu mandato, incompetência nas áreas mais básicas da pasta que tutela e que na realidade desconhece. Qualquer professor com meia dúzia de anos de experiência tem mais conhecimento e consequentemente mais competência nesta área do que Vossa Excelência,” pode-se ler isto, num sítio da internet, onde se encontra uma carta, para entregar à Ministra.
Manifestações, protestos, greves… E tem sido isto, ao longo dos meses, professores e alunos manifestam-se por todo o País, reclamando o modelo de avaliação e de faltas em relação ao estatuo de aluno, que Maria de Lurdes Rodrigues quer aplicar.
Os alunos continuam a dividir-se por demasiadas áreas curriculares disciplinares e não disciplinares. Passam o dia na escola sem que isto se traduza na melhoria das aprendizagens. Não têm tempo para brincar e socializar. O Estatuto do Aluno é mais uma tentativa de mudar o ensino por Decreto-Lei. Tudo se baseia na manipulação de dados estatísticos.



Sara Barbosa.: Eng. Rui Sá, como é que vê todos estes protestos e manifestações dos professores com a Ministra?

Rui Sá: Vejo como havendo uma convergência muito grande da generalidade dos professores relativamente a um sistema que consideram injusto e sistema esse que procura ser implementado depois de todo uma campanha difamatória do profissionalismo e do brio dos professores que fez com que muitos se tenham reformado mais cedo e outros sentissem completamente desprestigiada e ofendida a sua profissão e a sua capacidade profissional.



S.B.: Concorda com a avaliação que a Ministra quer implementar para os professores?

R.S.: Estamos todos de acordo que haja um processo de avaliação, mas este processo de avaliação em concreto é um processo que está inquinado à partida, porque parte de uma divisão de professores entre titulares e não titulares, que não se baseia objectivamente no mérito desses mesmos professores e por outro lado porque é um processo extremamente complexo com parâmetros que objectivamente não deviam ser levados em consideração e que levaram o Ministério a vir sucessivamente a alterar esse modelo de avaliação e a colocar a possibilidade da sua suspensão do próximo ano lectivo.

S.B.: E quanto às manifestações dos estudantes? Considera que estes têm motivos para se manifestar?

R.S.: Têm, tanto têm que depois houve necessidade da parte do Governo a vir fazer uma rectificação relativamente ao estatuto do aluno e em particular ao estatuto das faltas que objectivamente parecia pôr no mesmo saco as faltas justificadas e injustificadas. Isto quando é acrescido, de todo, uma situação que põe em causa as escolas públicas, eu acho, que justifica o facto de todas estas manifestações dos estudantes.

A Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, anunciou a 20 de Novembro, mudanças no sistema de avaliação dos professores.
São três as alterações propostas pela tutela, a saber: avaliadores por área disciplinar; exclusão das notas dos alunos dos parâmetros da avaliação e redução de aulas assistidas por avaliadores.
Entre as medidas de simplificação anunciadas, após reunião extraordinária do Conselho de Ministros, está ainda a redução do número de aulas assistidas de três para duas, que, ainda assim, só se realizarão por solicitação dos docentes, apesar de serem imprescindíveis para a obtenção das classificações máximas.


S.B.: Acha mesmo que a Ministra da Educação vai recuar quanto à avaliação?

R.S.: Eu acho que é patético, uma ministra que andou a dizer que este era o melhor modelo de avaliação, que depois o transformou em intransitado no primeiro ano, que depois veio faze-lo simplificar no segundo ano e que depois veio dizer que podia ser simplificado no próximo ano, e agora coloca a possibilidade de o mesmo ser suspenso, isso demonstra que de facto estamos perante um modelo de avaliação que é incorrecto e que só a teimosia e soberania de uma maioria absoluta de José Sócrates é que faz com que não haja o bom senso de suspender este modelo e de negociar com os professores o melhor modelo para efectivamente a avaliação ser feita.

S.B.: Acha então “patético” este modelo de avaliação?

R.S.: Eu acho patético é o tipo de reacção que a Ministra tem tido e acho que o modelo em si, não é claramente um bom modelo de avaliação.

S.B.: Qual seria então o bom modelo de avaliação?

R.S.: Tem uma complexidade muito grande, e não me peçam a mim para fazer uma proposta de modelo, mas fundamentalmente tem que ser um modelo que gere o consenso daqueles que querem ser também avaliados, que são os professores, de forma a poder ser implementado e que seja um modelo que possa ser experimentado em algumas escolas para depois se poderem retirar conclusões e alargar a todos os estabelecimentos de ensino.

«Os sindicatos de professores debatem segunda-feira com "expectativas moderadas" o Estatuto da Carreira Docente com o Ministério da Educação, numa altura em que o Governo já considerou encerradas as negociações para um modelo avaliação consensual para este ano lectivo. Apesar do desacordo em que acabou o encontro acerca do modelo de avaliação de desempenho dos professores, a Ministra da Educação e os sindicatos decidiram manter a reunião marcada, que irá centrar-se, sobretudo, no Estatuto da Carreira Docente (ECD).
Após o fracasso das negociações sobre a avaliação para este ano lectivo, os sindicatos reforçaram o apelo aos professores para continuarem a lutar, nas escolas, pela suspensão do processo de avaliação, subscrevendo um manifesto que será entregue ao ME no próximo dia 22. A Plataforma mantém também a greve nacional agendada para 19 de Janeiro.», fonte JN.

S.B.: Acha que as manifestações irão ficar por aqui, visto que agora parece haver um pequeno entendimento entre as duas partes?

R.S.: Eu acho que os sindicatos deram uma boa demonstração de bom senso ao suspenderem as greves que estão previstas e agendadas para a próxima semana (de 9 a 12 de Dezembro), no sentido de se tentar sentar novamente à mesa das negociações e tentar a partir daí gerar um consenso que não ponha em causa mais do que já está posto em causa o ano lectivo.


Sara Barbosa - Nr. 15592

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Entrevista - Jogar Xadrez no "tabuleiro" da educação


O sistema educativo português tem sido alvo de críticas e análises constantes.
José Leitão da Mota - Presidente da Junta de Freguesia de Gandra - fala sobre o actual modelo de avaliação de desempenho, que fez com 120 mil professores saíssem ás ruas em protesto contra o Governo.


Autarca, contabilista e professor. José Leitão da Mota, divide a sua vida entre estas três profissões. Está no segundo mandato como Presidente da Junta de Freguesia de Gandra (concelho de Paredes), concorreu pelo PSD e venceu, sucessivamente, com maioria absoluta. Foi no seu escritório de contabilidade, (FisConta), situado no centro da cidade de Valongo, que me recebeu. O gabinete sombrio, pouco iluminado e apinhado em dossiers e recibos pouco condizia com o seu bom humor. Professor de economia do ensino secundário há 32 anos, José Leitão da Mota, falou ,abertamente, do modelo de avaliação dos professores implementado pelo Ministério da Educação.

Manifestações dos professores

Excerto da entrevista- Qual a posição de José L. Mota relativamente, ao actual modelo de avaliação?

Qual é a sua posição acerca do actual modelo de avaliação de desempenho dos professores?
Sou contra este modelo. E não falo apenas como professor, ou autarca ( por ser PSD), falo como cidadão. Esta implementação deste modelo tem criado uma forte instabilidade no sistema educativo. E quem sofre com isso, não são só os professores, os alunos também e por consequência, os pais dos alunos.

Mas é a favor de que seja feita uma avaliação?
Sim. Totalmente a favor. Este actual modelo é que é descabido. Acho que existem outras formas de avaliar sem pôr em causa a dignidade do profissional. Porque os professores sentem-se indignados, com razão, com os parâmetros absurdos em que consiste este modelo.

E que outros parâmetros é que propunha?
Em primeiro lugar, a desvinculação do sucesso ou insucesso dos alunos da avaliação individual dos professores. Não tem cabimento medir a capacidade do docente através dos resultados dos alunos. Porque é, precisamente, para que o aluno tenha sucesso que o professor trabalha. Depois penso que os critérios deveriam ser simples e objectivos. Ao contrário deste modelo, que tem critérios ridículos, tais como, o tom da voz que um professor aplica enquanto está a dar a aula. Ou maneira como se move dentro da sala. Repare, eu até estou numa posição confortável, sou professor titular e já atingi o último escalão. Mas incomoda-me o facto de saber que está alguém a medir os meus movimentos, a maneira como me movo numa sala de aula.

Excerto da entrevista J.L.M.- A atitude do Governo e dos partidos da oposição


Mas o Ministério da Educação divulgou, recentemente, medidas de alteração em alguns parâmetros, com vista a solucionar os problemas deste modelo.
São remendos. Estão a tentar remendar algo que é imperfeito desde o início. E penso que estas medidas de “recuo” são estratégicas. Se a ministra (Maria de Lurdes Rodrigues) quisesse mesmo agir de boa fé, colocava a hipótese de outro modelo. É uma teimosia. Diria quase que antidemocrático. É a vontade de uma classe inteira. A adesão ás manifestações, por parte dos professores, foi quase de 100%. Portanto, há mesmo um descontentamento agravado, isto é um facto, que não se pode excluir. Tanto é que, José Sócrates defendeu sempre a ministra, mas nos últimos dias já não tem aparecido na comunicação social para falar desse assunto com o “fervor” inicial.

E pensa que, esse facto, pode ser interpretado como um sinal de recuo por parte do Governo?
Pode ser que sim. Mas, como já disse, este Governo joga estrategicamente. É como um jogo de xadrez. Avanços e recuos.

E qual é essa estratégia?
É fazer permanecer este modelo de avaliação custe o que custar. Mesmo tendo de remendar mil e um parâmetros. O Governo não quer admitir, logicamente, que errou. Pois isso só iria fazer com que perdesse pontos face aos seus opositores. Que o modelo é imperfeito, já o Governo sabe, caso contrário, não teriam lançado as tais medidas de alteração. O que está aqui em causa, é fazer ver a todos que as decisões do Governo têm de prevalecer.

A líder do seu partido (PSD), Manuela Ferreira Leite, teceu fortes críticas a este modelo de avaliação. Sendo ela a líder do maior partido da oposição, não pensa que deveria apresentar um projecto de resolução à Assembleia da República, tal como fez o Bloco de Esquerda?

Sim. Penso que deveria ter um papel mais activo. E não falo só relativamente, a esta questão da avaliação, mas sim em todos os assuntos políticos em geral. Sinto uma forte apatia da parte de Manuela Ferreira Leite face ás políticas do Governo. Acho que se as eleições fossem agora e ela se candidatasse contra José Sócrates, não tinha hipótese de ganhar, mesmo com descontentamento generalizado face a este Governo. Deveria haver mais soluções, mais alternativas propostas pelo PSD, e penso que de momento isso não se verifica. Mas voltando ao assunto da avaliação, gostei da atitude
do Bloco de Esquerda, de apresentar um projecto á Assembleia da República. Foi o único partido, até agora, a fazer alguma coisa em concreto.

Pensa que este “braço de ferro” entre a ministra e os professores está para durar?
Alguém vai ter de ceder. Mas penso que a partir do momento em que o Presidente da República (Cavaco Silva), tomar um partido, publicamente, aí sim poderá haver um fim há vista desta polémica toda.

Quem vai ceder primeiro?
Para bem comum, espero que seja o Governo a ceder primeiro. Mas como já referi, isto é como um jogo de xadrez, tudo é estratégico. O primeiro a fazer xeque-mate ganha.

Caos no território dos deuses


A Grécia vive momentos de tensão social, económica e política. Manifestações, greves e protestos violentos têm sido o cenário que predomina há mais de uma semana.

No território dos aclamados deuses gregos, vive-se um “inferno” incontrolável.
A morte do jovem Alex Grigoropoulos de 15 anos, em Atenas foi a origem da onda de violência que se verifica em várias cidades por toda a Grécia. Alex foi, alegadamente, baleado por um polícia, quando, juntamente, com um grupo de jovens atacou um carro de patrulha com um coktail molotov. Os confrontos violentos entre os manifestantes e a polícia têm sido uma constante e já resultou em centenas de detenções. Os jovens estudantes atacam com todos os objectos que aparecem e as autoridades respondem com balas de borracha e gás lacrimogéneo. Relativamente, ao agente, Epaminontas Korkoneas que disparou contra o jovem de 15 anos foi acusado de homicídio. Já o seu colega de profissão, Vasilis Saraliotis, responderá por cumplicidade.
A população grega demonstra um descontentamento agravado pelo Governo conservador em vigor. O primeiro-ministro, Costas Karamanlis, devido à sua crescente impopularidade, é a figura a “abater” por parte de jovens estudantes e militantes de esquerda, que têm sido os principais protagonistas dos distúrbios.
Afonso Duarte Costa, embaixador português na Grécia, assegurou que, dos 500 portugueses lá residentes, nenhum deles está envolvido nos confrontos. O diplomata, em entrevista à Rádio Clube Português, descreve um cenário quase “fantasma”, afirmando que “há muito pouca gente na rua e em vez do habitual trânsito caótico, vêem-se pouquíssimos carros nas estradas de Atenas.”
Esta é a maior onda de caos na Grécia desde o regime militar (1967-74). Por muitas cidades gregas e outras capitais europeias, estende-se o sentimento de revolta e convulsão social de raiz, maioritariamente, económica.

Conjuntura política (Grécia)


Costas Karamanlis, primeiro-ministro grego, foi eleito durante a “euforia” dos Jogos Olímpicos 2004, que se realizaram em Atenas. Durante o seu mandato, a impopularidade de Karamanlis foi crescendo devido aos escândalos de corrupção em que se viu envolvido, a incêndios florestais devastadores e a medidas económicas mal sucedidas que se agravaram quando a crise financeira internacional “rebentou”.
Foi com a morte do jovem Alex Grigoropoulos que o descontentamento passou a revolta.
Os manifestantes pretendem a queda do Governo que intitulam de “assassino”. Com esta conjuntura política insatisfatória, o líder da oposição socialista, George Papandreou, exigiu e renuncia do Governo e a realização de eleições antecipadas através de um veredicto popular. Por outro lado, o primeiro-ministro descarta a hipótese de se demitir ou de antecipação das eleições.
Karamanlis que se depara com o auge da sua impopularidade, já veio a público lamentar a morte do jovem e também, anunciou um plano de emergência que passa pela diminuição de impostos, subsídios económicos e apoios á juventude.
Esta onda de violência já dura há 11 dias. A população desempregada, os jovens estudantes e os militantes de extrema esquerda pretendem continuar com os protestos e manifestações até o Governo cair. O primeiro-ministro não admite a sua demissão. No entanto, muitos analistas dizem que o cenário de eleições a curto prazo é muito provável. Sílvia Dias

O lado feminino do 25 de Abril

Por Jornal Porto Net (JPN)

Antes da Revolução a mulher tinha um papel secundário na sociedade. Só com o 25 de Abril é que conquistaria alguns dos direitos essenciais

Na história do nosso país, as mulheres ocuparam quase sempre um papel secundário, sendo apresentadas, na maioria das vezes, como figurantes nos grandes episódios da construção da nação.
Já em 1872, um dos mais influentes intelectuais da chamada “Geração de 70”, Ramalho Ortigão, escrevia assim sobre aquela que era a representação popular da mulher na altura: “Ela é na casa um ente subalterno e passivo, que se manda, que se força, que se espanca se desobedece (…). Ninguém a instrue, ninguém a distrae, ninguém procura tornar-lhe a existência doce e risonha, dar-lhe o nobre orgulho de ser amada, querida, necessária no mundo para mais alguma coisa do que lavar a casa, coser a roupa e cosinhar a comida”.
Esta concepção do século feminino vai vigorar durante muitos anos no nosso país, e tornar-se-á particularmente evidente durante o Estado Novo, um regime político de cariz conservador e tradicionalista, instaurado em Portugal em 1933. Durante quase meio século, ao sexo feminino eram associados os papéis de dona-de-casa, mãe e companheira, e pouco mais.
Neste panorama tão restritivo das liberdades da mulher, poucas foram aquelas que se atreveram a enfrentar o regime. Mas o JPN falou com duas resistentes que colocaram a luta pelos direitos do género feminino à frente de qualquer receio de sanções, e que ainda hoje continuam a lutar pela igualdade de direitos entre homens e mulheres.
Ilda Figueiredo, deputada comunista no Parlamento Europeu, também tem sido uma defensora activa dos direitos das mulheres. Em entrevista ao JPN, contou-nos a sua experiência pessoal antes do 25 de Abril.
Esta situação difícil em que a mulher se encontrava duraria até ao dia 25 de Abril de 1974, altura em que a democracia chegou a Portugal. Mas se hoje a mulher já tem um papel mais activo na sociedade, parece que ainda nem tudo foi conseguido...

Situação económica (Grécia)

O panorama económico grego tem-se agravado de dia para dia. Segundo os últimos dados divulgados, o desemprego subiu de 7,1% em Agosto para 7,4 em Setembro. Esta tendência acentuou-se nos últimos quatro anos, (mandato de Karamanlis), e atingiu, neste último semestre, o auge. Segundo especialistas em economia, estes são números que devem continuar a aumentar, a par da crise financeira internacional.
Relativamente, á bolsa de valores o spread (diferença) entre os títulos gregos e os títulos alemães atingiu a maior discrepância esta década, dois por cento. Sílvia Dias

A Mulher depois de Abril

Por Jornal Porto Net (JPN)

Se o 25 de Abril trouxe grandes conquistas para as mulheres, há ainda alguns passos a dar no caminho para a igualdade

Já não existe desigualdade entre homens e mulheres? Não existem ainda representações tradicionais sobre o papel da mulher? Para a socióloga Isabel Dias, “estas questões não se dissiparam ainda completamente. Ainda vivemos um processo de mudança ao nível das mentalidades e na forma como a própria sociedade representa a mulher na família, na sociedade, na política ou noutro domínio qualquer”.
Esta professora de Sociologia na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) diz que, “de facto, têm-se vindo a conquistar cada vez mais domínios de intervenção em que as mulheres têm uma presença activa e importante. Mas essa maior intervenção das mulheres na vida social, política e económica não significa que não subsistam representações tradicionais sobre o seu papel”. E adianta que aquilo a que se assiste hoje em dia é a uma “coexistência de representações modernistas sobre a mulher, com representações tradicionalistas”. Mas, “a mudança parece inevitável, pela presença e pela força com que elas estão instaladas no mercado de emprego e pelas consequências a nível familiar, económico e político que isso também tem para a própria sociedade”.
Actualmente, as mulheres constituem uma parte importante da mão-de-obra no mercado de trabalho e, inversamente ao que acontecia no passado, poucas são agora as que ficam em casa. No ano 2000, as mulheres já representavam 45,6% da população activa, o que, segundo Ana Mesquita, da União dos Sindicatos do Porto, é positivo para o género feminino: “As mulheres já representam quase 50% da força de trabalho nacional, têm uma participação activa, trabalham, e isso dá-lhes alguma independência e a capacidade de lutar contra as injustiças. E isso é uma grande vantagem. As mulheres queriam trabalhar e estão a trabalhar”.
A permanência dos estereótipos
No entanto, há sectores de actividade em que os estereótipos permanecem. Maria José Magalhães aponta o exemplo da política, em que as desigualdades são ainda bastante notórias: “As mulheres são uma minoria absolutamente ridícula em termos de ministros, cargos de ministério, secretarias de Estado. No Parlamento somos uma percentagem ridícula ainda. É muito difícil que uma mulher chegue a primeira candidata”.
Numa retrospectiva global da presença das mulheres no poder executivo e legislativo em Portugal desde Abril de 1974, verifica-se até que ponto têm estado quase sempre afastadas dos cargos mais elevados da hierarquia política: o Presidente da República foi sempre homem, o cargo de primeiro-ministro foi ocupado por 10 homens e apenas uma vez, em 1979, por uma mulher, Maria de Lurdes Pintassilgo (num Governo de iniciativa presidencial, durante um tempo determinado).
Maria José Magalhães aponta vários motivos que explicam esta sub-representação da mulher: “O problema não está só nos partidos. Estou a falar também nas representações sociais, na nossa ideologia. Somos muito mais vigilantes e intolerantes com as mulheres. Quando uma mulher vai para o poder, se é magra é porque é magra, se é gorda é porque é gorda, se é de direita é porque é de direita, se é de esquerda é porque é de esquerda, enfim, tem sempre defeitos. Há sempre muita coisa a apontar-lhe e raramente se valoriza o que elas são capazes de fazer. Espera-se que sejam perfeitas, como se fosse possível que os seres humanos pudessem ser perfeitos”.

O retrato da mulher durante o Estado Novo

Por: Jornal Porto Net (JPN)


Mãe, esposa e dona-de-casa. Eis o retrato da mulher nos anos que antecederam a revolução de Abril

Em Portugal, o Estado Novo esforçou-se por conservar a mulher no seu posto tradicional, como mãe, dona-de-casa e em quase tudo submissa ao marido. A Constituição de 1933 estabeleceu o princípio da Igualdade entre cidadãos perante a Lei, mas com algumas excepções. No documento constavam referências às "diferenças resultantes da sua [mulher] natureza e do bem da família". A mulher via-se, assim, relegada para um plano secundário na família e na sociedade em geral.
Luísa Neto é docente na Faculdade de Direito da Universidade do Porto. Esta doutorada em Direitos Fundamentais explica qual a situação da mulher perante a Lei, durante a ditadura: "A constituição de 1933, que era a constituição que vigorava antes da Revolução de 25 de Abril de 1974, não estabelecia efectivamente o princípio da igualdade, pelo menos material. Formalmente estabelecia o princípio da igualdade, mas na prática ele não tinha grande vigência".
"A mulher praticamente não tinha direitos. Se se tratasse de uma mulher casada, os direitos eram exercidos pelo chefe de família. Aliás, a expressão do pai de família, que normalmente era benfiquista, deriva daí e do entendimento que era voz comum nessa altura", realça.
A lei portuguesa designava o marido como chefe de família, donde resultava uma série de incapacidades para a mulher casada, contrariamente à mulher solteira, que era considerada cidadã de plenos direitos: "a mulher não tinha direito de voto, a mulher não tinha possibilidade de exercer nenhum cargo político, e, mesmo em termos da família, a mulher não tinha os mesmos direitos na educação dos filhos", diz a magistrada.
Nesta altura, a Lei atribuía à mulher casada uma função específica: o governo doméstico, o que se traduzia pela imposição dos trabalhos domésticos como obrigação. E os poderes especiais do pai e da mãe em relação ao filho resultavam na sobrevalorização do pai e subalternidade da mãe, que, como recomendava a lei, apenas devia ser «ouvida».
Outro dos problemas que a mulher enfrentava na altura acontecia nas situações de reconstituição da família. O divórcio era proibido, devido ao acordo estabelecido com a Igreja Católica na Concordata de 1944, pelo que todas as crianças nascidas de uma nova relação, posterior ao primeiro casamento, eram consideradas ilegítimas. E havia duas alternativas no acto do registo: a mulher ou dava à criança o nome do marido anterior ou assumia o estatuto de "mãe incógnita". O que não podia era dar o seu nome e o do marido actual.
Trabalho só para homens
Também em relação ao trabalho, a mulher deparava frequentemente com grandes limitações. E o acesso a determinadas profissões era-lhe completamente vedado, como nos diz Luísa Neto: "no que diz respeito à questão profissional, a mulher não tinha direito de acesso a determinados lugares que se considerava que deviam ser ocupados por homens". A magistratura, a diplomacia e a política são apenas alguns dos exemplos de sectores profissionais a que a mulher não podia aceder.Maria José Magalhães é hoje assistente na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, onde concluiu o seu mestrado em Ciências da Educação. Realiza investigação sobre a questão do género e participa em alguns grupos e publicações feministas. Sobre o tema, escreveu o livro "Movimento Feminista e Educação - Portugal, décadas de 70 e 80". E descreve assim a situação da mulher naquela altura: "Antes do 25 de Abril, muitas mulheres não podiam casar com quem queriam, as mulheres casadas não podiam mexer na sua propriedade, as enfermeiras não podiam casar, as professoras não podiam casar com qualquer pessoa: tinham que pedir autorização para casar, e saía em Diário da República a autorização para ela casar com o senhor fulano de tal".
Além disso, naquela altura estava escrito em decreto-lei que uma professora só podia casar com um homem que tivesse um vencimento superior ao dela. "Uma mulher casada não podia ir para o estrangeiro sem autorização do marido, não podia trabalhar sem autorização do marido. O marido podia chegar a uma empresa ou estabelecimento público e dizer: eu não autorizo a minha esposa a trabalhar. E ela tinha que vir embora, tinha que ser despedida", contou ao JPN Maria José Magalhães.

A mulher nos provérbios e ditados populares

Se nos provérbios e na literatura se reflecte a cultura de um povo, através deles conhecemos também o papel da mulher na sociedade portuguesa
  • A casa é das mulheres e a rua é dos homens
  • A homem calado e a mulher barbada em tua casa não dês pousada
  • A homem ocioso e a mulher barbuda de longe os saúda
  • A mulher casada o marido lhe basta
  • À mulher e à vinha o homem dá alegria
  • A mulher e o vinho tiram o homem do seu juízo
  • Do vinho e da mulher livre-se o homem, se puder
  • À mulher roca e ao marido espadaArruído arruído – deu a mulher ao marido
  • Cresce o outro bem batido como a mulher com bom marido
  • De nenhuma mulher há que fiar e de todo o homem há muito que temer
  • De onde és homem? De onde é a minha mulher
  • Do homem a praça, da mulher a casa
  • Em casa do mesquinho mais pode a mulher que o marido
  • Entre dez homens nove são mulheres
  • Entre marido e mulher nunca metas a colher
  • Formosura de mulher não enriquece o homem
  • Fumo, goteira e mulher faladora põem os homens da porta para fora
  • Homem com fala de mulher nem o diabo o quer
  • Homem de palha vale mais que mulher de ouro
  • Homem do mar mija na cama e diz que está a suar
  • Homem tendo mulher feia tem a fama segura
  • Homem velho e mulher nova, ou corno ou cova
  • Mulher de bigode pode mais que o homem
  • Não há nada como uma mulher para fazer do homem quanto quer
  • O muito fiar dos homens e o pouco fiar das mulheres deitam a casa a perder
  • O que o marido proíbe a mulher o quer
  • Traga-o o marido e guarde-o a mulher

Onda de distúrbios alastra-se a nível europeu e mundial

Os protestos já passaram fronteiras. No dia 12 de Dezembro cerca de 300 pessoas se manifestaram em Paris nos arredores da embaixada grega. Nesta manifestação salienta-se a participação do ultra esquerdista Olivier Besancenot, (porta voz da Liga Comunista Revolucionária) e também, do fundador do Partido de Esquerda (PG), Jean-Luc Mélenchon.
Também em Barcelona houve protestos. Um total de 800 estudantes gregos envolveram-se em confrontos directos com a polícia.
Madrid, Moscovo, Berlim, Londres, Roma e Nova Iorque são outros destinos a que se estendem os ecos desta “revolução grega”. Sílvia Dias

O dia em que tudo mudou

Por: Jonalismo Porto Net (JPN)

O dia em que tudo mudou

Com a revolução de Abril, a igualdade de direitos entre homens e mulheres é finalmente consagrada na Constituição

“Foi espantoso o irromper das capacidades das mulheres. Foi tipo «garrafa de champanhe». Começámos a ver as mulheres nas comissões de moradores, a intervir nas ruas, nas fábricas, de uma maneira quase espontânea, porque realmente estava tudo guardado dentro das pessoas”, conta Maria José Ribeiro. Mas o que é que o 25 de Abril trouxe às mulheres? Esta defensora da igualdade responde: “O 25 de Abril trouxe a liberdade, mas às mulheres trouxe algo mais: trouxe os direitos que antes nos eram vedados”.
Com a revolução dos cravos é adoptada uma nova Constituição, que entraria em vigor no dia 2 de Abril de 1976, e que consagrou, no artigo 13º, o princípio da Igualdade: “Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a Lei” e “ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica ou condição social”.
Ana Maria Mesquita, da União dos Sindicatos do Porto e do Movimento Democrático das Mulheres, considera que esta foi uma mudança fundamental na situação das mulheres portuguesas. “Costumo dizer que as mulheres portuguesas foram quem mais lucrou com o 25 de Abril porque, principalmente as mais velhas, viviam numa situação completamente sem direitos. Eram um ser humano de segunda categoria e o 25 de Abril coloca-as ao nível dos outros. O 25 de Abril foi absolutamente fundamental, porque as mulheres passaram a ser muito mais respeitadas”.
Com o princípio da Igualdade consagrado na Lei, as mulheres portuguesas vêm, então, alguns dos direitos que antes lhes eram vedados, serem finalmente reconhecidos. E algumas das portas que antes estavam trancadas a sete chaves, são finalmente abertas ao sexo feminino. Isabel Dias, socióloga, dá-nos alguns exemplos: “Após o 25 de Abril, é evidente que há enumeras mudanças. As mulheres estão em força no mercado de emprego. Basta ver que temos mais de 50% de mão-de-obra feminina no mercado de emprego. Assistimos à feminização do Ensino Superior. As mulheres, cada vez mais, têm acesso a cargos de chefia e de gestão e, portanto, isto parece uma tendência irreversível.”
Os números relativos ao Ensino Superior são os mais reveladores destas mudanças: embora a taxa de analfabetismo feminina seja, ainda, praticamente dupla da dos homens (26,9% face a 14,4%), a verdade é que o número de raparigas que frequentam hoje as Universidades portuguesas é já superior ao dos rapazes. Para além disso, as taxas de progressão ou conclusão, nos anos terminais dos ciclos são sempre superiores no caso das raparigas, superioridade que se verifica também ao nível do aproveitamento escolar, onde o género feminino sai mais uma vez a ganhar.

As mulheres na política

Reconhece-se que em Portugal existe um desfasamento decorrente do facto de a lei se ter antecipado antes de nós nos termos emancipado, enquanto país. O processo pelo qual esta igualdade entre sexos foi instituída em Portugal marca a nossa sociedade de modo muito paradoxal. A sociedade portuguesa surge como uma série de imagens caleidoscópicas que variam consoante a luz que sobre ela fazemos incidir.


Quando a olhamos de um certo prisma, que não se deixe ofuscar pela presença das progressões-alibi a igualdade perante a lei aparece como uma peneira destinada a velar um quotidiano feito de profundas discriminações, quer directas, quer indirectas. Discriminações na vida social, mas sobretudo no mundo do trabalho e da política. O que acontece é que esta igualdade ocorreu de um dia para o outro, "de cima para baixo", em vez de ter tido lugar lentamente e "de baixo para cima", em relação íntima e atenta aos efeitos de outras mudanças sociais importantes para a emancipação das mulheres, como os processos de urbanização e a individuação.


A fraca urbanização e a persistência de laços familiares fortes obstaculizam, de facto, a difusão de estilos de vida mais individualizados e mais propícios à emancipação das mulheres, embora possam também ser vistos como apoios logísticos indispensáveis à autonomia económica que as mulheres procuram assegurar nos nossos dias.

O baixo grau de urbanização é, na verdade, indiciador da fraca expressão que entre nós têm as classes médias, o que se traduz, por seu turno, por um lado, no elitismo que caracteriza o sistema de ensino que repele largas camadas de jovens e, por outro lado, no défice de posições intermédias nas estruturas do emprego e da qualificação. Dilacerada por desigualdades estruturais, que o tempo e a acção humana teimam em não apagar, a sociedade portuguesa caracteriza-se por um profundo dualismo social que mantém afastadas entre si as elites políticas e sociais e a população em geral.

O 25 de Abril de 1974 foi um dia que simbolizou mudança para o país mas, em grande parte, para as mulheres, que até essa data eram completamente desavalorizadas. Não tinham qualquer valor, nem usufruiam de quaiquer direitos. O 25 de Abril trouxe a liberdade, mas às mulheres trouxe algo mais: trouxe os direitos que antes lhes eram vedados!

Veja agora um vídeo com testemunhos de Ilda Figueiredo, deputada no parlamento Europeu e uma abordagem a algumas mulheres na política nacional:








Veja ainda:
* A mulher nos provérbios e ditados populares
* O retrato da mulher durante o Estado Novo
* A Mulher depois de Abril
* O lado feminino do 25 de Abril

Componente económico da situação que se vive na Grécia

De: Reuters

Dados divulgados na quinta-feira mostraram a gravidade da crise económica. O desemprego, especialmente acentuado entre jovens e mulheres, subiu de 7,1 por cento em Agosto para 7,4 por cento em Setembro, encerrando quatro anos de declínio. Os economistas dizem que a tendência é de a alta continuar, acompanhando a crise internacional.
"Nossa prioridade é ajudar os grupos sociais mais necessitados e proteger empregos", disse o primeiro-ministro Costas Karamanlis em Bruxelas, onde participa de uma cúpula da União Europeia.
No mercado de títulos, o "spread" (diferença) entre os papéis gregos e os títulos de referência alemães -- uma medida do risco percebido pelos investidores -- atingiu seu maior nível nesta década, quase 2 pontos percentuais.
"Não esperamos que os investidores esqueçam esta situação facilmente", disse David Keeble, director de pesquisa de renda fixa do banco Calyon.

Karamanlis e o líder da oposição, George Papandreou, fizeram apelos pelo fim da violência, que abalou dez cidades gregas e danificou centenas de milhões de euros em propriedades. Gregos também protestaram em Paris, Moscou, Berlim, Londres, Roma, Haia, Nova York, Itália e Chipre.
Embora o governo grego, que tem maioria de apenas um deputado no Parlamento, pareça ter conseguido controlar a crise mais imediata, sua aparente omissão diante dos distúrbios pode afectar ainda mais a sua popularidade, já bastante baixa. O Pasok (partido socialista, o maior da oposição) lidera as pesquisas de opinião e pediu antecipação das eleições.
"O cenário mais provável agora é que Karamanlis convoque eleições dentro de dois ou três meses", disse Georges Prevelakis, professor de Geopolítica da Universidade Sorbonne, em Paris.

Confrontos de jovens na Grécia espalham-se pela Europa

Agência Estado
Madrid
Os confrontos que têm ocorrido na Grécia nos últimos seis dias mostram sinais de estarem se espalhando pela Europa. Jovens enfurecidos destruíram lojas, atacaram bancos e jogaram garrafas contra policiais em protestos pequenos, porém violentos, hoje na Espanha e na Dinamarca. Na França, carros foram incendiados do lado de fora do consulado grego. Ontem, manifestantes reuniram-se em frente à embaixada grega em Roma. Alguns atacaram veículos da polícia italiana e viraram um carro. As autoridades dizem que os incidentes têm sido isolados até agora, mas reconhecem a preocupação de que as manifestações gregas - que começaram após a polícia ter matado um adolescente de 15 anos no sábado - possam se tornar uma desculpa para vários grupos fazerem manifestações contra as turbulências económicas e a falta de oportunidades de emprego. "O que está acontecendo na Grécia tende a provar que a extrema esquerda existe, ao contrário das dúvidas de alguns nas últimas semanas", disse porta-voz do Ministério do Interior da França, Gerard Gachet. "Por enquanto, não podemos ir mais adiante com nossas conclusões e dizer que há o perigo de contágio da situação grega na França. Tudo isso tem sido observado."Na medida em que a Europa cai em recessão, o desemprego sobe, particularmente entre os mais jovens. Mesmo antes da crise, os jovens europeus reclamavam da dificuldade em encontrar ocupações com bons salários, mesmo que tenham um diploma universitário, e muitos diziam se sentir deixados para trás enquanto o continente prosperava. Pelo menos um dos protestos parece ter sido organizado pela Internet, mostrando a rapidez com que uma mensagem pode ser disseminada. Um site que os manifestantes gregos tem usado para falar sobre suas reivindicações vem recebendo a simpatia de internautas em quase 20 países. "Nós estamos encorajando actos de não-violência aqui e no exterior", disse Konstantinos Sakkas, um manifestante de 23 anos da Politécnica de Atenas, de onde vieram muitos dos manifestantes. "O que tem acontecido no exterior são expressões de solidariedade espontânea com o que está acontecendo aqui."

Dinamarca e Espanha
Na Dinamarca, os manifestantes entraram em confronto com a polícia, no centro de Copenhaga na noite de ontem. Sessenta e três pessoas foram detidas e depois liberadas. Na Espanha, jovens atacaram bancos, lojas e a delegacia de polícia em manifestações diferentes em Madrid e Barcelona, também na noite de quarta-feira. Cada protesto reuniu cerca de 200 pessoas. Alguns dos manifestantes gritavam "policiais assassinos" e outros slogans. Onze pessoas, dentre elas uma jovem grega, foram presas durante as duas manifestações. Dois policiais ficaram levemente feridos. O jornal La Vanguardia, de Barcelona, disse que os protestos foram organizados pela Internet. Daniel Lostao, presidente do Conselho Jovem, entidade patrocinada pelo governo e que reúne várias organizações de jovens na Espanha, disse que esses grupos espanhóis enfrentam grandes desafios como elevação do desemprego, baixos salários e dificuldade em deixar as casas dos pais em razão da alta dos preços da moradia. Ainda assim, ele duvida que os protestos na Espanha possam aumentar. "Não sentimos que isso vai se espalhar", disse.

França
Na França, os manifestantes atearam fogo em dois carros e em lixo no qual aparentemente havia material inflamável do lado de fora do consulado grego em Bordeaux, na manhã de hoje. Eles também fizeram grafittis em todo o prédio, fazendo ameaças de novos protestos, disse Michel Corfias, cônsul grego no local. "Foi um incêndio muito, muito intenso", disse Corfias, acrescentando que houve sérios danos à porta principal do prédio. Na porta da garagem lia-se "solidariedade com as manifestações na Grécia, a insurreição vai melhorar". A palavra "insurreição" foi implacavelmente escrito nas portas de várias casas da vizinhança.

Confrontos revelam espírito rebelde do povo grego

Da BBC

Jovens por trás de tumultos seguem tradição centenária de rebelião.
Os tumultos que se alastraram pela Grécia nos últimos dias ajudam a explicar por que o mais importante dia no calendário nacional grego é o Oxi, ou dia do Não.

O dia Oxi comemora um evento ocorrido no dia 28 de outubro de 1940, quando o líder grego Ioannis Metaxas usou esta única palavra para responder a um ultimato de Mussolini, que pedia permissão para invadir a Grécia. O Não grego levou a nação à Segunda Guerra Mundial.
Quando os gregos dizem não, são categóricos. A rebeldia está profundamente enraizada no espírito grego.
Os estudantes - adolescentes e crianças - que estão fazendo cercos nas delegacias de polícia e tentando derrubar o governo estão na verdade vivenciando ritos de passagem.
Eles podem pertencer à geração iPod, mas são herdeiros de uma tradição centenária, em que freiras preferiam se atirar do alto dos seus conventos nas montanhas, encontrando morte certa, do que se submeter à devastação trazida pelos invasores turcos otomanos.

Símbolo
O centro da rebelião neste dezembro é a Politécnica de Atenas, onde estudantes vêm saindo às ruas com barris e carrinhos de compra para coletar e reciclar rochas e pedaços de mármore usados nos quebra-quebras da noite anterior.
A Politécnica é o símbolo da rebelião moderna.
No dia 17 de novembro de 1973, tanques da ditadura militar, que havia assumido o poder seis anos antes, esmagaram as cercas de ferro para suprimir um levante estudantil.
Não se sabe até hoje quantos morreram, mas acredita-se que pelo menos 40 pessoas perderam suas vidas no episódio.
O sacrifício da Politécnica foi tão importante que os arquitetos da nova Constituição da Grécia, criada no período posterior à ditadura, incluíram no documento o direito ao asilo, proibindo as autoridades de entrar em escolas e universidades.
É por isso que os lugares reservados ao aprendizado funcionam como estopins da atual onda de violência e isso também explica por que tantos dos tumultos estão acontecendo em cidades universitárias.
Na prática, os estudantes receberam carta branca para continuar protestando, porque seus professores declararam uma greve de três dias.

Desprezo
Embora muitos dos manifestantes de hoje ainda não tivessem nascido quando os portões da politécnica foram esmagados pelos tanques, o sacrifício dos estudantes é um componente essencial dos currículos de democracia de toda criança grega.
O desprezo pela polícia, que é latente na população, e que agora explodiu de forma tão vulcânica, tem suas raízes na ditadura, quando a polícia era vista como agente dos coronéis e traidora do povo.
A morte do adolescente Alexandros Grigoropoulos, de 15 anos, nas mãos de um experiente policial de 37 anos, precipitou uma onda nacional de violência, algo que não se via desde a ditadura.
Se ela vai levar à queda do impopular governo conservador do primeiro-ministro Costas Karamanlis, não está claro. É prematuro ver os tumultos como uma repetição, na Grécia, do levante estudantil parisiense de 1968.
Um dos comentários mais sábios veio de Nikos Konstandaras, editor do Kathimerini, um dos mais sóbrios e respeitáveis jornais do país.
Em um editorial, Konstandaras escreveu que o sangue de Grigoropoulos vai ser "usado para amalgamar todo protesto e reclamação absurdos em uma plataforma de ódio moralista contra todos os males da nossa sociedade".
"(O sangue do adolescente) vai se tornar rapidamente uma bandeira de conveniência para qualquer pessoa que tenha algum ressentimento contra o Estado, o governo, o sistema econômico, poderes estrangeiros, capitalismo e por aí vai", diz o artigo.
"Se a Grécia já parecia difícil de governar, agora vai ficar fora de controle", afirma o editorial.

Contexto
A onda de incidentes em todo o país começou após a morte de Grigoropoulos, um jovem de 15 anos, que foi baleado por um policial depois que um grupo de jovens atacou a pedradas uma patrulha policial.
A indignação com a morte do garoto se soma ao descontentamento com a economia, o que pode ameaçar o impopular governo conservador.
Na quarta-feira, o país deve enfrentar uma greve geral de 24 horas contra as reformas econômicas, e analistas prevêem que os distúrbios, os piores em várias décadas, prossigam, ameaçando a continuidade no governo, cuja maioria no Parlamento é de apenas um deputado.
"Estamos vivendo momentos de uma grande revolução social", disse o ativista Panagiotis Sotiris, de 38 anos, que participava da ocupação de uma universidade. "Os protestos vão durar enquanto forem necessários."

Governo grego não cede a pressões

O Primeiro-Ministro Costas Caramanlis afirmou que os autores da violência serão responsabilizados. "Ninguém tem o direito de usar este trágico incidente como um alibi para acções de violência bruta, para acções contra pessoas inocentes, as suas propriedades e a sociedade como um todo, e contra a democracia", disse Caramanlis.

Numa mensagem dirigida à nação transmitida pela televisão públical, o Primeiro-Ministro conservador, denunciou todos os que tentam aproveitar-se do drama da morte do adolescente. Costas Caramanlis garantiu que "os acontecimentos inevitáveis e perigosos, não serão tolerados", afirmando ainda que o Estado "vai proteger os seus cidadãos. É a melhor homenagem que podemos fazer a Alexis", disse.

O Primeiro-ministro grego, ao contrário do que se esperava, descartou a hipótese de eleições antecipadas e lançou, ainda, um apelo à unidade da nação e do mundo político contra os motins que duram há já vários dias e que se alastraram a várias cidades como Salónica, Creta, Corfu e Rodes.

"Nestas horas cruciais, o mundo político deve unanimente e categoricamente condenar e isolar os autores das destruições. É o nosso dever democrático, é o que exigem os cidadãos, e é o que impõe o nosso dever nacional", afirmou Caramanlis, após um breve encontro com o chefe de Estado, Carolos Papoulias.

Por sua vez, o líder dos oposicionistas Socialistas, George Papandreou disse, "Este país nao tem Governo. Este caos... é resultado das decisões e omissões de um Governo que se tornou um perigo para o povo grego". Refira-se ainda que estas cenas de confrontos devem piorar ainda mais a imagem do pouco popular Governo conservador, abalado por escandalos financeiros e lutando para manter uma estreita maioria de apenas um legislador, no Parlamento de 300 cadeiras.

Velhos Inimigos: Índia e Paquistão agravam o clima de tensão

Os recentes atentados de 26 Novembro, em Bombaim, trouxeram novamente a público a frágil linha que separa a aparente paz, vivida entre a Índia e o Paquistão, da guerra. O pior pode ainda estar para vir.




Terminado o caos que assolou a capital financeira da Índia e confirmadas as nacionalidades dos terroristas paquistaneses, o mundo sentiu novamente o reacender de uma situação que ameaça muito mais de um bilião de pessoas e apenas dois países.
São dois países do terceiro mundo equipados com tecnologia nuclear para fins bélicos, ambos aliados dos E.U.A, que travam uma guerra silenciosa na zona da Caxemira há mais de 50 anos. Actualmente, estão colocadas na fronteira entre a Índia e o Paquistão mais de um milhão de tropas agravando o clima tenso e hostil que assola a região.

Apesar dos terroristas em Bombaim nada terem reivindicado, acredita-se que pertenciam ao grupo Lashkar-e-Taiba, uma organização da Caxemira com possíveis ligações à Al-Qaeda e que pretende expulsar da Caxemira a presença Indiana.

Após o 11 de Setembro, o Governo Paquistanês foi “intimado” a juntar-se aos E.U.A na guerra contra o terrorismo. Até então, o Paquistão era dos maiores aliados ao exército talibã no Afeganistão, esta reviravolta espontânea gerou fortes protestos por parte de grandes falanges da população paquistanesa anti-ocidente e anti-E.U.A. Desde então, o governo de Pervez Musharaff (Paquistão) tem sido criticado interna e externamente. A Índia acusa o Paquistão de continuar a apoiar grupos terroristas, nomeadamente, na Caxemira.

Veja também:
A situação da Caxemira (neste blog)
A reacção do Governo português (neste blog)

O desenvolvimento da Vila e do Concelho de Vinhais








A pequena vila de Vinhais, situa-se em trás-os-montes, muito perto de Espanha. Rica em belas paisagens, gastronomia e muita simpatia, veja como pode chegar até lá.




Vinhais sofreu bastantes alterações. No vídeo abaixo, veja algumas delas.








O concelho de Vinhais tem de ter um rumo. Quem governa, tem de saber o que quer, portanto, é preferível ter um mau caminho do que não ter caminho nenhum”, afirma o presidente da Câmara de Vinhais, Américo Pereira.




1- Vinhais parou no tempo durante cerca de 50 anos. Já vários presidentes estiveram no poder mas, na verdade, foi desde o seu mandato que Vinhais tem sofrido grandes transformações. O que o impulsionou a modificar Vinhais desta maneira? (Uma vez que até aqui não tinha havido esta iniciativa?)

Presidente Américo Pereira: Não sei se parou no tempo durante 50 anos, mas que a maior parte do aspecto urbano se mantinha inalterável desde os últimos 50 anos, é verdade. As revoluções a nível urbanístico que devem sofrer nos meios urbanos são importantíssimos para se afirmarem em determinado contexto de tempo, isto é, tal como nas nossas casas onde nos sentimos bem, esse estado de espirito depende da maneira como elas estão desenhadas, arranjadas, tratadas. A vila, é a nossa casa, onde vivemos, onde passeamos, onde trabalhamos, onde estão os filhos e a família, portanto, a vila tem de ter um ar urbano, de uma casa bem arranjada, limpa, com as soluções arquitéctonicas mais correctas. Tem de ser uma vila harmoniosamente apresentada, de forma a que as pessoas que cá vivem se sintam nela muito bem e, de forma a que as pessoas que nos visitam também se sintam bem, atraídas por este espaço e assim possam voltar. Foi por estes motivos que transformámos a vila e corajosamente agarrámos de frente fazendo com que as coisas acontecessem rapidamente, caso contrário continuaria tudo como era antes e o que tem de ser resolvido é para se resolver e o que é para ser feito tem de se fazer e foi isso que fizémos.


2- A vila de Vinhais enfrenta problemas de desertificação. O que poderia ser feito, ou o que está a ser feito para evitar que a população abandone indo para o litoral?

Américo Pereira: A desertificação é um fenómeno que não pode ser visto unicamente como um chavão, como qualquer coisa que enche as páginas dos jornais. A Europa sofre de desertificação, a população tem diminuido e o próprio país tem assistido à diminuição de população e, as zonas mais afectadas são as do interior. Tudo no interior sofre mais que no litoral, mas isso acontece também no resto dos países da Europa. A nossa vizinha Espanha, na zona da Raia é muito mais desertificada que o nosso concelho e está mais atrasada do que o nosso concelho e vai continuar. A desertificação é um flagelo mas é uma consequência da modernidade. As pessoas vão embora porque aqui não arranjam ocupação. Antigamente, a agricultura exigia muitos braços, muitos jovens e muitas mulheres para trabalhar e as pessoas ficavam, hoje isso não acontece. Hoje basta um homem e um tractor, sendo que, por isso, sobram braços humanos e este é o motivo da desertificação na nossa zona. No entanto, isto só por si não é mau, só é mau a partir do momento em que os equipamentos construídos (escolas, piscinas, campos de futebol, teatros, etc) não tenham gente suficiente para funcionar, porque enquanto isto não acontecer não é mau. Aliás, um dos motivos pelos quais se vive bem é não existir números exagerados em termos populacionais, se nós não continuarmos a perder população, não há mal nenhum. No entanto, isto não deve é baixar para níveis cujos equipamentos já não sejam rentáveis. Não podem estar, por exemplo, as piscinas a funcionar se só tiverem dois ou três utilizadores por dia. A população na vila de Vinhais tem aumentado assim como a produção. Nas aldeias não se verifica tanto isso, embora em algumas a população também tenha aumentado. A população tem aumentado na vila um pouco à custa da desertificação das aldeias uma vez que estas vêm para a vila pois é aqui onde estão fixados os equipamentos.

3- Para além da vila de Vinhais, as freguesias também têm melhorado. Em que aspectos tem melhorado?

Américo Pereira: O que interessa e que já devia ter sido feito nas freguesias há muito tempo atrás, é que elas devem ter o fundamental para se viver hoje numa sociedade organizada e com condições de vida aceitáveis. Em primeiro lugar a questão da água. Ter água quer em quantidade quer em qualidade é fundamental. Depois a questão do ambiente também é importante e nesse sentido falo das questões dos resíduos, os lixos e dos resíduos, os saneamentos. A par disto vem também a questão das estradas escoltadas e também aquelas às quais é possível dar-lhes algum toque de urbanismo em determinadas zonas. É isto que está a ser feito nas aldeias.

4- Em termos de acessos a Vinhais, falou-se num itinerário Principal de Vinhais a Bragança e da melhoria da estrada até Mirandela. Este projecto já foi aprovado? Será realmente para avançar?

Amércico Pereira: Recebi hoje o mapa com o traçado desse trajecto. Foi-me enviado a título particular para saberem a minha opinião. Esse itinerário Principal passa por Vinhais e pelo Santo António e passará dos actuais 32km para 20 km. Em 10 minutos a população estaria em Bragança.

Há duas estradas que são fundamentais para o concelho de vinhais, que são as ligações Vinhais-Bragança e a ligação Vinhais-Mirandela. A ligação Vinhais-Mirandela, anunciada pelo membro do Governo há 5 ou 6 meses, já está neste momento para se começar com o projecto de pavimentação entre Mirandela até Rebordelo. A estrada de Vinhais-Bragança é uma obra mais complicada uma vez que é completamente nova. Envolve determinados estudos e estamos a estudar o melhor traçado para que possa já estar construída quando estiver a autoestrada que vem de Lisboa. Será uma estrada caríssima.

5- Visto que Vinhais já evoluiu a diversas àreas, acha que ainda há muito caminho a percorrer para o desenvlvimento da vila? Em que aspectos?

Américo Pereira: O concelho de Vinhais tem de ter um rumo. Quem governa, tem de saber o que quer, portanto, é preferível ter um mau caminho do que não ter caminho nenhum porque esse caminho, esse objectivo, só se sabe se está bem ou mal traçado quando chegarmos ao fim. Temos de saber aquilo que queremos e os planos têm de estar bem definidos. Se vai ou não dar resultados, estamos convencidos que dará antes de termos a certeza.

O concelho de Vinhais passa por duas etapas a nível de desenvolvimento: turismo e valorização dos recursos naturais, ou seja, por um lado a castanha e o fumeiro e, por outro lado, o parque Natural de Montesinho, Parque Biológico, Natureza e gastronomia, e este é o caminho. A par disto mais serviços e mais emprego. Isto será o fundamental.









A futura ligação de Bragança a Vinhais através de auto estrada será para avançar. A auto estrada terá ligação de Vila-Real a Bragança e posteriormente a Vinhais.

(NOTA: Professor, fiz uma notícia de rádio que não estou a conseguir colocar.)

Tensão entre a Índia e o Paquistão: A reacção portuguesa

O Governo português expressou-se sobre esta situação de conflito através de um comunicado no seu site oficial.

Lamentando as vítimas e dando as condolências às famílias, o Governo português reiterou a condenação ao terrorismo, em particular, ao ataque na capital financeira da Índia.

O Governo de José Sócrates aproveitou para, neste momento, desaconselhar qualquer viagem para a região devido ao clima de tensão.

Em Portugal estima-se que haja cerca de 70mil indianos, é uma das comunidades não anglófonas mais presentes em Portugal, na base desta presença está a longa relação colonial que Portugal estabeleceu com Goa, Damão e Diu.

A comunidade paquistanesa é muito diminuta em Portugal, estima-se que sejam poucos mais de 2000 os paquistaneses em território Luso.


Veja também:
Turquia reage à tensão entre a Índia e o Paquistão.
Paquistão: falso telefonema provoca tensão com a Índia
A situação em Caxemira

A terra de ninguém: Caxemira

“Aprisionada” entre a Índia, Paquistão, China e Afeganistão a Caxemira é uma zona de conflito constante. É uma região montanhosa ao norte da Índia e do Paquistão e que possuía na época da independência da Índia (1947) uma posição vantajosa considerando-se que ficava bem próxima da região do Tajiquistão, então parte da União Soviética.



Actualmente a região da Caxemira divide-se em quatro áreas diferentes: os Territórios do Norte e a Caxemira Livre, pertencentes ao Paquistão, a região de Jammu e Caxemira pertencentes à Índia e a região de Aksai Chin sob ocupação chinesa.

Aquando da independência do sub-continente indiano em 1947, até então pertencia à Inglaterra, surgiram dois novos países, a Índia e o Paquistão. O surgimento destes dois novos países deveu-se à existência de duas religiões distintas e totalmente opostas no mesmo território, os indianos eram hindus e os paquistaneses muçulmanos.

Com o fim da dominação colonial, a Inglaterra colocou ao marajá da Caxemira a escolha de incorporar-se à Índia ou ao Estado Paquistanês. Mediante o dilema político instalado, Paquistão e Índia reivindicam o domínio da região da Caxemira ao longo dos anos.

Acaba por surgir uma guerra não declarada entre estas duas facções.

A Caxemira situava-se entre ambos os países e por esta zona tinham que passar milhões de pessoas que se deslocavam para o país da sua religião (Hindus para a Índia e Muçulmanos para o Paquistão). Enquanto todo este conflito se propaga, os Pathans, uma tribo nómada que habita entre o Paquistão e o Afeganistão, invade a Caxemira. O marajá da Caxemira pede apoio à Índia e em troca cede parte do território que é habitado por muçulmanos, gerando uma revolta interna com o apoio do Paquistão.

Em 1962, a China junta-se ao impasse e conquista um trecho de Jammu e Caxemira; no ano seguinte, o Paquistão cede aos chineses uma faixa dos territórios do norte, uma provocação clara à Índia que reivindicava estes territórios.

Actualmente, são comuns as explosões e os atentados terroristas nesta zona. Com o escalar da violência os dois países empenharam-se em desenvolver tecnologia nuclear e actualmente são duas potências nucleares.

A ONU tentou intervir sugerindo que os habitantes da Caxemira deveriam escolher o seu futuro através de votos. A Índia nunca permitiu esta situação o que despoletou duas guerras entre os dois países, em 1965 e 1971.


Veja também:
Reacção do Governo português